Quanto de vulnerabilidade você se permite?

9/30/2024

Sem vulnerabilidade não podemos evoluir e mudar. A coragem não existe sem o medo. Ou como eu aprendi na biomecânica, a instabilidade não é sempre ruim, sem instabilidade não aprendemos a ter estabilidade. E é claro que isso tem a ver com o que sentimos da opinião alheia. Nós queremos passar a imagem de corajosos que não ligam nada para a opinião dos outros, mas não fazemos isso de fato. E hoje em dia tem tanta gente querendo falar coisas negativas de todo mundo. É claro, com a internet, o mundo ficou cheio de falsos corajosos. Pessoas que fazem comentários venenosos, sobre assuntos que nem sabem, de pessoas que nem conhecem, e sem nem compreender a profundidade da mágoa que podem causar. Esse tipo de gente se sente corajoso porque não está falando nada cara a cara, se acham protegidos pela distância física de estar comentando de outro lugar do mundo e nem param para pensar “por que eu vou me meter na vida dessa pessoa?”. Simplesmente porque alguém foi corajoso o suficiente para expor algo para todos e demonstrar um pouco de vulnerabilidade? Simplesmente porque está ali e é fácil com alguns cliques escrever tudo que vejo de errado na situação? Não. Jamais deveria ser tão fácil para os seres humanos praticar maldade para os outros. Existem pessoas que não têm empatia, porque provavelmente nem sabem o que elas próprias sentem. São ignorantes, inconscientes, dignos de pena, e essencialmente o que falta para elas é controle. Se temos capacidade de atos bons e atos ruins, a verdadeira virtude é controlar a própria capacidade de fazer maldade, e escolher ser bondoso. Não me retiro do grupo dos julgadores, julgar é fácil e às vezes fazemos isso sem pensar. Também estou no grupo que aproveita o distanciamento da internet para escrever o que pensa (num blog, por exemplo). Mas se tem algo que eu faço constantemente, todos os dias da minha vida, é tentar controlar minhas ações, reações e impulsos, para que o que quer que eu tenha de negativo dentro de mim (e eu tenho) não se sobreponha ao positivo.

O importante é que a opinião dessas pessoas desconhecidas de fato não interessa. A opinião que importa é a das pessoas que nos amam e nos conhecem. Dependendo da situação, a opinião que importa é a nossa e isso não é egoísmo. E se no processo de expor uma opinião ou situação, você consegue ajudar alguém, dane-se a opinião negativa de outro alguém que discorda do que você está falando e faz questão de dizer. O importante é que a gente não faça a maldade de volta. Espalhar negatividade nunca deve ser o objetivo de um ser humano nobre (no sentido filosófico). Além disso, falar sobre vulnerabilidade ou sobre assuntos difíceis é uma forma de superar as fraquezas e as dificuldades. Se conseguirmos conversar sobre coisas difíceis nós tiramos um pouco do poder que essas coisas exercem sobre nós e aceitamos a realidade como ela realmente é.

Não quero dizer que precisamos expor nossos maiores defeitos e vulnerabilidades simplesmente por um senso distorcido de aceitação (muito “na moda” atualmente). De nada adianta aceitar se não temos intenção de melhorar. Aceitar ser vulnerável é admitir que vamos viver a vida, cometendo erros, e que seremos julgados pelas pessoas. Quanto maior a exposição, maior o julgamento, e não necessariamente melhor. Mas sem reconhecermos nossas falhas, nunca seremos capazes de evoluir. E isso sim é inadmissível. Viver uma vida sempre mais ou menos, sem tentar ser melhor do que você foi ontem. Precisamos admitir a existência da vulnerabilidade, para poder evoluir, e fugir da mediocridade.

Não somos super-heróis, somos humanos. Existem dias bons e dias ruins. Ou, dias melhores e dias piores do que um dia regular. Mas sempre teremos algum tipo de escolha. Alguma ação, reação ou pensamento que podemos controlar. E aprender a exercer esse controle é fundamental.