Seu relacionamento é um jogo?

7/13/2024

Depois de mais de uma década eu comecei a olhar novamente a série Sex And The City, que eu adorava olhar quando era mais nova e achava muito divertida. Olhando alguns episódios hoje em dia pensei “que mulheres imaturas que acham que os relacionamentos são jogos e que não entendem o valor da honestidade ou a necessidade de aceitar a vulnerabilidade”. É estranho perceber o nível de insegurança dentro dos relacionamentos apresentados na série, e a falta de autoestima que as personagens demonstravam. Será que eu um dia pensei assim? Será que para mim era normal achar que existia um jogo, ou uma guerra, em que mulheres estavam de um lado e homens do outro? Se um dia acreditei nisso, que bom que mudei. Os jogos que eu gosto de jogar se chamam esportes, eles têm regras delimitadas e específicas, para ser possível determinar os vencedores através da comparação mais justa possível. Relacionamento não é um jogo de poder.

O que tem de tão errado em ser honesto com as pessoas? Nós, seres humanos, não somos leitores de mentes. De que outra maneira as pessoas com quem nos relacionamos vão saber o que pensamos e o que queremos se não através da nossa expressão verbal e verdadeira? Ao meu ver, os relacionamentos que dão certo são aqueles em que os dois envolvidos conseguem expressar suas necessidades, e escutar as necessidades do outro. Para então refletir e decidir qual a ação ou resposta adequada. Por exemplo, na série existe praticamente uma irmandade, uma seita, composta pelas quatro amigas, e apenas entre elas são faladas todas as verdades sobre os respectivos relacionamentos. De que forma isso ajudaria no relacionamento em si? É necessário um voto de confiança com quem se tenta construir uma relação. Pelo menos isso explica o tanto de relacionamentos que não levaram a nada representados na trama. É uma total falta de comunicação.

Quem quer levar a sério seu relacionamento, e já desenvolveu maturidade suficiente, sabe que muito do que precisamos fazer é comunicar. Comunicar o que gostamos e o que não gostamos, comunicar quando o parceiro ou parceira nos fez sentir de tal ou tal maneira, comunicar detalhes que em alguns dias podem ser o diferencial para uma convivência mais tranquila, muitas vezes comunicar o óbvio. E além de comunicar, também é preciso aceitar. Mas na medida, interpretando quando estamos relevando algo que vai fazer bem para os dois, ou quando estamos com preguiça de agir, e nesse caso a aceitação não vai ajudar, mas o pedido por uma mudança em conjunto pode ser o melhor caminho. Enfim, o relacionamento tem que envolver parceria e companheirismo. Só assim é possível evoluir para o grande compromisso que é o casamento, onde aceitamos dividir uma vida inteira com a outra pessoa. Na minha opinião, como em diversas áreas da vida, nos relacionamentos o que falta é seriedade. Adultos sabem reconhecer os assuntos sérios da vida, e sabem que eles constituem a maioria da nossa experiência, por isso a vida é tão desafiadora. Num casamento, o compromisso maior é assumido com a pessoa que escolhemos. E isso significa algo que nem todo mundo quer ouvir, quando casamos, nossa família vira nosso marido, nossa esposa, e se tiverem os filhos; nossos pais deixam de ser nossa família primária, e viram nossa família de origem.


Seja um adulto maduro e leve a sua própria vida a sério. Cansei de gente me dizer “ai por que é tão séria”. Porque a vida é séria se quisermos evoluir. Ser sério não significa não ter ou sentir alegria, pelo contrário, é pela minha seriedade que tenho liberdade de sentir alegria quando ela aparece, de fazer o que tem que ser feito, mas também de ter mais domínio sobre as minhas prioridades. Ou o clássico “ai por que não aproveita mais a vida”. Pois aproveito mais do que a maioria pensa, porque sou dona do meu tempo e das minhas escolhas.